Há um número crescente de concursos de planos de negócios a brotar um pouco por todas as localidades. Estabelecimentos de ensino dedicam cursos inteiros ao assunto.
Há um número crescente de concursos de planos de negócios a brotar um pouco por todas as localidades. Estabelecimentos de ensino dedicam cursos inteiros ao assunto.
Com efeito, a avaliar pelo furor em torno dos planos de negócios, seria de pensar que a única coisa que separa um potencial empresário e um êxito espectacular são reluzentes gráficos a cinco cores, um monte de folhas de cálculo de aspecto meticuloso e um decénio de projecções financeira mês a mês.
Mas nada poderia estar mais longe da verdade. Diz-me a experiência com centenas de start-ups empreendedoras que plano de negócio são de uma baixa classificação final. Por vezes, efectivamente quanto mais elaborada é a confecção do documento, maior é a probabilidade de o projecto empresarial, na verdade, ir mesmo ao fundo, na falta de uma expressão mais eufemística do que esta.
O que falha na maioria dos planos de negócio? A resposta é relativamente simples. A maioria desperdiça demasiada tinta em números e dedica espaço a menos à informação que realmente importa aos investidores inteligentes. Como sabe qualquer investidor experiente, as projecções financeiras para uma nova empresa – especialmente as projecções mês a mês que se estendem por mais de um ano – são um exercício de imaginação. Um projecto empreendedor enfrenta demasiadas variáveis desconhecidas para se poder prever receitas, quanto mais lucros. Além do mais, poucos, se é que alguns, empreendedores conseguem antever correctamente quanto capital e quanto tempo serão necessários para alcançar os objectivos traçados.
Tipicamente são extraordinariamente optimistas, “almofadando” as projecções. Os investidores conhecem o efeito de “almofada”, pelo que aplicam descontos aos valores que colocam nos planos de negócios.
Não me entendam mal: os planos de negócio devem incluir alguns números. Mas esses números dever surgir essencialmente sob a forma de um modelo de negócio que demonstre que a equipa empreendedora reflectiu bem sobre quais serão os principais factores impulsionadores do êxito ou fracasso do projecto de empresa.
Artigo de opinião
Ricardo Luís
Originalmente publicado em O LOUZADENSE - N.º 140 de 6 de Março de 2025